Praga 2010
Praga exerce sobre Kafka um enorme poder simbólico: existencialmente enclausurante nega-lhe, ao mesmo tempo, os seus segredos e a participação. A segregação acontece no interior do círculo.
Com Josef K., acusado e culpado, rastejamos na cidade e obrigamo-nos a um registo sensorial pouco usual, donde emerge a ambígua relação entre a cidade real e a cidade imaginada: a que construiu e formou Kafka na confluência da cultura germânica e judaica, por um lado, e a que informa a literatura do autor, saída do sentimento de rejeição e inadaptação, por outro.
É a Praga literária, ficcionada, sombra de sombras, a paixão que mais consome Kafka. Não é uma cidade, é uma fissura..., dirá ao seu amigo Gustav Janouch.
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