sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Objectos imediatos II



Nova Iorque 2009

"...são loucos todos os objectos"

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Findings


Finalmente, chegam às livrarias obras perturbadoras de Auto-desajuda!

Aristocracy

Lovaina 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Là-bas, Je Ne Sais Où...

Vilar Formoso 2009

Véspera de viagem, campainha...
Não me sobreavisem estridentemente!
Quero gozar o repouso da gare da alma que tenho
Antes de ver avançar para mim a chegada de ferro
Do comboio definitivo,
Antes de sentir a partida verdadeira nas goelas do estômago,
Antes de pôr no estribo um pé
Que nunca aprendeu a não ter emoção sempre que teve que partir.
Quero, neste momento, fumando no apeadeiro de hoje,
Estar ainda um bocado agarrado à velha vida.
Vida inútil, que era melhor deixar, que é uma cela?
Que importa?
Todo o Universo é uma cela, e o estar preso não tem que ver com o tamanho da cela.

Sabe-me a náusea próxima o cigarro. O comboio já partiu da outra estação...
Adeus, adeus, adeus, toda a gente que não veio despedir-se de mim,
Minha família abstracta e impossível...
Adeus dia de hoje, adeus apeadeiro de hoje, adeus vida, adeus vida!
Ficar como um volume rotulado esquecido,
Ao canto do resguardo de passageiros do outro lado da linha.
Ser encontrado pelo guarda casual depois da partida —
"E esta? Então não houve um tipo que deixou isto aqui?" —
Ficar só a pensar em partir,
Ficar e ter razão,
Ficar e morrer menos...

Vou para o futuro como para um exame difícil

...

Álvaro de Campos

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Objectos imediatos

Lovaina 2010

Não toques nos objectos imediatos.
A harmonia queima.
Por mais leve que seja um bule ou uma chávena,
são loucos todos os objectos.
Uma jarra com um crisântemo transparente
tem um tremor oculto.
É terrível no escuro.
Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer.
A boca fica em chaga.

Herberto Helder, Não toques nos objectos imediatos

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

para acordar (...) e enfrentar o mundo. para perder medos e aceitar o destino. para estender no mundo, sob o sol dos olhares, uma poesia musical. para prever um passado enxaguado em lágrimas. para verter confissões intimistas. para devolver ao piano o seu lado selvagem.
para ir sendo.
(...)

Ondjaki, usar os olhos de catarina

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Findings

tinha aprendido que era muito importante criar desobjectos.
certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas.
era de difícil manejo _mas funcionava.

Ondjaki, materiais para a confecção de um espanador de tristezas

Paisagismo óptico-reflexivo

Se eu fosse Walter Benjamin… diria que Paris é uma casa de espelhos, um teatro: real e ilusório, arquitectura construída e aparato cénico, onde a pintura, a arquitectura e a cidade se confundem. Tudo se oferece ao olhar e ao império da percepção, transmutando cada transeunte num flâneur!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Casas

"Mas, para além das lembranças, a casa natal está fisicamente inserida em nós. Ela é um grupo de hábitos orgânicos. Após vinte anos, apesar de todas as escadas anónimas, redescobriríamos os reflexos da "primeira escada", não tropeçaríamos num degrau um pouco alto. Todo o ser da casa se desdobraria, fiel ao nosso ser. Empurraríamos com o mesmo gesto a porta que range, iríamos sem luz ao sotão distante.
(...) Somos o diagrama das funções de habitar aquela casa; e todas as outras não passam de variações de um tema fundamental."

Bachelard, A Poética do Espaço

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Just before diet III


Fons Sapientiae

Lovaina 2010

Que frio!

O Mistério das Cousas

O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os
homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos , Poema XXXIX

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quando a arte e a ciência se encontram. Artistas e cientistas belgas buscam a "verdadeira" natureza das imagens, dos sons e da criatividade.


Anne-Mie Van Kerckhoven
Na sua série de estudos sobre o movimento do olhar denominado Kalligrafie revela-se a PALAVRA escrita como catalizadora dos olhares. Na sala que lhe é dedicada, o visitante pode ter o seu próprio trajecto visual registado enquanto observa uma obra de arte.


Ruth Loos
Investiga as várias dimensões do LIVRO que define como "pura forma e conteúdo", explorando-o como objecto polivalente em diversos registos: fotografia, desenho e instalações tridimensionais.

Koen Vanmechelen

O Cosmopolitan Chicken Project implica-se na reflexão sobre a manipulação genética, clonagem, globalização e multiculturalismo. Linhagens de galinhas de todo o mundo metaforizam o mundo humano.

Lovaina 2010

Ontem

Bruxelas 2010

Ainda não eram seis horas quando começou a cair. Em apenas uma hora, um véu branco cobriu toda a cidade. Três horas depois estava instalada a confusão. Nevou em Bruxelas!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Persona

Veneza, 2008