terça-feira, 29 de junho de 2010

Método experimental

Observo com atenção um fragmento do teu rosto. Digo, dois vincos com que o tempo te prolongou o olhar. Escrevo, dois rios navegáveis até ao infinito. Penso, no embalo de Ricardo Reis, prefiro Barcos, minha amiga, às Rosas.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Visitando obras

Horas europeias, produtoras, entaladas
Entre maquinismos e afazeres úteis!
Grandes cidades paradas nos cafés,
Nos cafés - oásis de inutilidades ruidosas
Onde se cristalizam e se precipitam
Os rumores e os gestos do Útil
E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!
Nova Minerva sem-alma...

Álvaro de Campos, Ode Triunfal

sábado, 19 de junho de 2010

Coimbra 2010

Impossíveis crianças deixais-me brincar?
Ruy Belo

Autobiografia lúcida

A grandeza (da vida) que eu lhe encontro é exactamente essa: uma criança no meio do mundo. Tire-lhe a paisagem, essa palavra não interessa. Uma criança no meio do mundo olhando em redor e dizendo: "Estou aqui."

José Saramago, em entrevista a Adelino Gomes (Público)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Wall 4

Coimbra 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Vera Mantero e os objectos

Foto: Escola da Noite
Da dupla vida dos objectos ou as novas condições da contemporaneidade
Capazes de evocarem as maiores desconfianças ou de reificarem memórias, de nos fazerem viajar sobre o multiculturalismo do Outro ou de nos fazerem ceder à manipulação da Invisibilidade de Múltiplas Mãos, os objectos serão reais ou simulacros? terão os objectos uma vida dupla? "...e já agora, com o que é que se parece uma vida que vale a pena ser vivida? "(*)

Perguntas, que fertilizadas pelo discurso poético de Herberto Helder e pela sociologia da pós-modernidade, espero continuar a formular depois do espectáculo de Vera Mantero & Guests em cena , hoje, no Teatro da Cerca de S. Bernardo / Escola da Noite.

(*) Vera Mantero

segunda-feira, 14 de junho de 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Arte de inventar os personagens

Pomo-nos bem de pé com os braços muito abertos
e olhos fitos na linha do horizonte
Depois chamamo-los docemente pelos seus nomes
e os personagens aparecem.

Mário Cesariny, Manual de Prestidigitação

Tempo e Modo I - Pretérito do Indicativo

Pretérito mais-que-perfeito simples

terça-feira, 8 de junho de 2010

Do instante

Eu sei que um sorriso é uma centelha Poderosa tão capaz de incendiar um silêncio como de incinerar todas as palavras.
Eu sei que o teu sorriso viaja pelo mundo, sobrevoa os frutos da Terra, mas habita frequente e teimosamente a breve nação de uma Suavíssima lembrança.
Eu sei que seria preciso regressar a essa Pátria para ouvir O quase-riso com que te vestes de ti mesmo. Mas que o exílio é o preço a pagar pela pregnância do futuro.
Eu sei que não se fixa um sorriso numa fotografia, porque ela não mostra como, então, deixas tombar os ombros, como inclinas a cabeça para trás e como com esse gesto todo o mundo se inclina um pouco para trás, também. Como todos os móveis e objectos sólidos da sala se começam a movimentar e como se levanta uma brisa que vira de súbito a página do livro que se encontra sobre a mesa.
Eu sei que durante cinco segundos, no fim dos braços, duas mãos Sem medo ficam suspensas no vazio. E são as minhas.
Eu sei que, emigrante de mim-mesma, balbucio uma banalidade fugaz e semicerro os olhos para não percebas que eles se estão a transformar em dois Espelhos perigosos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Literatura improvável


Mercadillo 2010

Apenas ontem, e já é passado.