segunda-feira, 30 de novembro de 2009


Hoje, este frio a sacudir-me a memória!

domingo, 29 de novembro de 2009

Quase

Quase é uma palavra notável. Todas as pessoas deviam ter por nome próprio quase: Eu sou quase, tu és quase, ele é quase, nós somos quase. Quase qualquer coisa que não chega a ser quase. Uma equação quase perfeita. Um número quase redondo que só existe dentro das nossas cabeças atadas por fios invencíveis. Fios de aço que amarram a loucura e a mantêm obediente. Não queiras ser mais. Podes chorar todas as lágrimas que te descem pela cara sulcando traços de temperatura variável. Continuam a surgir frases por escrever, amores inacabados.

Pedro Paixão, O Mundo é Tudo o Que Acontece

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Serenamente

...mesmo no Meio do Mundo, esse lugar esperará por nós envolvido na cambraia das manhãs...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ERRATA

Ontem referi , já não sei em que contexto, que vivia numa época de conquistas feministas consolidadas ... emendo a mão, há ainda muito a fazer nesse domínio: 26 mulheres mortas desde o início do ano (vítimas de violência doméstica), 104 queixas relativas a violência nos namoros exercida sobre mulheres.

Olhar Infinito

Os "nomes opacos " associam-se de imediato, no fluxo da minha consciência, a uma outra expressão, "olhares imperfeitos". Esta, por sua vez, acorda, à força de gritos, a memória remota de Nicolau de Cusa e a metáfora do Olhar Infinito.

Os nomes das coisas

Mas haverá uma idade em que serão esquecidos por completo
os grandes nomes opacos que hoje damos às coisas

Haverá
um acordar

Mário Cesariny, a antonin artaud

domingo, 22 de novembro de 2009

esta Casa tem cem anos e eu tenho cem anos com ela. Fundo-me com as paredes, com os retratos, com o soalho, com os móveis e as porcelanas. cumpro, através dela, um Indecifrável destino.
Universo absoluto e " Condição do Sonho" da minha razão Viajante.
nos Dias Impetuosos, subo pela espinal-medula das escadas até à Janela dos Devaneios, rasgo-a em dois, lanço o olhar no Indefinido, solto as asas e sobreVoo a cidade.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Heteronomia


Somos só o que somos, ou seja e principalmente, os outros que não somos.
Se por um estranho acaso, a lógica aristotélica ruisse e nos permitisse o desdobramento de nos observarmos a nós próprios a passar na rua, não nos reconheceriamos.

Gracias a la vida

Câmara Clara brindou-nos ontem com Luis Sepúlveda, o mesmo é dizer, com a SERENIDADE dos Grandes Sonhadores que fazem das Palavras ACÇÕES _ele que sabe ter-se cruzado com "Magníficos Sonhadores", reconhecidos à distância por uma espécie de faro.

Adormeci comovida, ouvindo Mercedes Sosa, La Negra.

domingo, 15 de novembro de 2009

Cadernos Manuscritos, Livros de Horas

«Eu olhava por olhar, quero dizer – intensamente.»«O que sulca o ar é o desconhecido, privado do poder de fazer mal.»«Estou atenta às mutações da luz _________ como se fossem pérolas. Abriu, desce, muda, nunca se oculta mudando de lugar, pois sigo a sua trajectória de planta a planta. Cada planta está aqui no seu lugar exacto, na sua flor exacta – e bebe água exactamente.»«______ esse mundo alinhado que está por detrás da beleza – perturba-me infinitamente...»«Uma mão escrevendo é como a árvore dourada que vimos ontem à beira da estrada...»«Decorrido o fluxo da noite – e já amanhece – sinto com a mão a madressilva que plantei junto ao muro exterior da casa, e que mil vezes há-de morrer sem que, de facto, morra, enquanto estas páginas forem vivas...»«O meu corpo conflui de lugares longínquos..."

Maria Gabriela Llansol

Llansol viverá enquanto estes cadernos forem vivos.

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma palavra como um objecto em exposição, a respirar...


"Metanoite"

Gabriela Llansol
- Há pessoas, imaginem, que não dormem!
- E porque não dormem?
- Porque nunca têm sono.
- E porque não têm sono?
- Porque são loucos.
- Então os loucos não têm sono?
- Como é que os loucos podem ter sono!

Franz kafka,Crianças na estrada nacional

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Todo um Mundo para ser ingerido ao luar

Vou para o Mundo, para os olhares sem fronteira, para os espaços abertos, para a brandura do Vagar...

O Sono

Mas o que me interessa aqui é o mistério específico do sono saboreado por si mesmo, o incontrolável e arriscado mergulho a que se aventura todas as noites o homem nu, só e desarmado, num oceano onde tudo é novo: cores, densidades, o próprio ritmo da respiração, e onde reencontramos os mortos. O que nos tranquiliza no sono é a certeza de que dele retornamos, e retornamos os mesmos, já que uma estranha interdição nos impede de trazer connosco o resíduo exacto dos nossos sonhos.

Marguerite Yourcenar

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cansaço

(...)
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida...

António Ramos Rosa, Funcionário Cansado

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Huge People


Julia Fullerton-Batten

E se uma cidade fosse subitamente povoada por gente muito grande...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Little people

E se uma cidade fosse subitamente povoada por gente muito pequena

http://little-people.blogspot.com

sexta-feira, 6 de novembro de 2009


Foto de R.

é o ESTREITO LABIRINTO que me conduz à tua rua, a CALÇADA DAS PALAVRAS desgarradas e vadias, ruela mourisca onde os OUTROS espreitam à janela, ao som seco do eco dos meus passos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Declaro aberto o Outono!

Sitges 2004
Areia entre os dedos
As nuvens descem
Outono nas manhãs
Shiki Masaoka
(in ABRUPTO)

domingo, 1 de novembro de 2009