terça-feira, 30 de março de 2010
sexta-feira, 26 de março de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
Alice In Wonderland - The Mad Hatter!
"Alice in Wonderland" é um bom filme. Mas depois de Eduardo Mãos de Tesoura dificilmente Tim Burton se superará. Em breves lampejos vemos um pouco de Charlie e a Fábrica de Chocolates, um pouco das Heroínas pálidas e o que melhor traduz a imaginação do cineasta: o Chapeleiro Maluco_ isto não porque Burton o tivesse transformado, mas porque era já burtoniano na imaginação de Lewis Carroll. De facto, o presbítero vitoriano, que tem congregado à sua volta tantos psicanalistas e académicos para o esmiuçar, trancou de tal forma os seus personagens que não há versão que os altere… nem a estranheza de Burton rivaliza com a estranheza ardilosa de Charles Dodgson.
A única mágoa que podemos exprimir é que o filme caíu nas malhas de Dodgson e que confinou uma hitória de enorme potencial polissémico a uma fábula maniqueísta, a uma luta entre o bem e o mal, tão claro nessa Alice final, um hibrido de Cavaleiro, Joana D’Arc, S. Jorge. Quase Bíblico!
Que se desiluda quem pensa viajar à UNDERBURTONLAND porque revisitará apenas, e uma vez mais, a WONDERCARROLLAND.
domingo, 21 de março de 2010
E tudo era possível
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo, Homem de Palavra[s]
terça-feira, 16 de março de 2010
Olho-te de novo, agora do ângulo das Coisas Sensíveis: lastro, chão, lago quieto, verde-musgo profundo...
Que se suspendam todos os Relógios, que sangrem se for preciso, que se apague o Cintilar dos metais, que se calem os Cristais e todos os surdos murmúrios que emanam dos objectos Reais.
Que dure a Noite. Que nenhuma luz se projecte na linha indistinta do teu corpo porque só quando clarear o dia, presença entre presenças, serás então uma ave, um peixe, um menino, ou qualquer outra coisa, livre e humanamente invulgar.
Dorme. O desejo não é bastante para te acordar.
domingo, 14 de março de 2010
Do que realmente somos feitos
Li, numa das minhas tardes passadas no sótão, um conto de um escritor argentino chamado Borges, sobre um labirinto que é um deserto. Há inúmeros lugares onde um ser humano se pode perder, mas não há nenhum tão complexo como uma biblioteca. Mas um livro solitário é um local capaz de nos fazer errar, capaz de nos fazer perder. Era nisto que eu pensava enquanto me sentava no sótão entre tantos livros."
Afonso Cruz, Os livros que devoraram o meu pai
quarta-feira, 10 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Versos soltos V
Conchinhas tenuemente cor de rosa,
Na fria transparência luminosa
Repousam, fundos, sob a água plana.
(...)
Róseas unhinhas que a maré partira...
Dentinhos que o vaivém desgastara...
Conchas, pedrinhas, pedacinhos de osso
Camilo Pessanha
Versos soltos IV
O meu coração é o cofre selado.
A sete chaves: tem dentro uma carta...
Camilo Pessanha
Mary Stuart
domingo, 7 de março de 2010
Versos soltos III
Onde esperei morrer, - meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou ao caminho?
Camilo Pessanha
sexta-feira, 5 de março de 2010
Versos soltos I
Embebido em saudades do presente...
Camilo Pessanha, Caminho I