terça-feira, 26 de abril de 2011

Festa do Cinema Italiano

"Os números primos apenas são divisíveis por um e pelo próprio. Estão no lugar que lhes é próprio na infinita série de números mentais, esmagados como todos entre dois, mas um passo mais além relativamente aos outros, são números desconfiados e solitários e, por isso, Mattia achava-os maravilhosos"


A Festa do Cinema Italiano 2011 inaugura amanhã, em Coimbra, com "A Solidão dos Números Primos" de Saverio Constanzo. Curiosidade atenta sobre o filme já que o livro de Paolo Giordano que o inspirou é uma bela metáfora saída do jogo de liguagem da matemática para explicar o que certas relações humanas têm de único e de impossível, enclausuradas que estão na diferença sufocante contra a qual não há aproximação possível, a não ser a de uma projecção de identidades.

Para dois adolescentes, Mattia e Alice, uma humilhação originária, resultante de factos insólitos e absurdos vivídos na infância inscreve-se na raíz do isolamento a que se condenam, inaugurando um Segredo mantido a todo o custo e que os impedirá de se aproximarem, embora partilhem e se reconheçam nas suas estranhezas e imperfeições. A narrativa complica-se, pois os dois protagonistas não são números primos verdadeiros, mas "primos gémeos": na sua singularidade, e com o desenrolar das suas histórias, até à idade adulta, ambos são seres especiais, solitários, muito mais próximos um do outro do que todos os outros, sem no entanto conseguirem verdadeiramente tocar-se.

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